( Caderno:
Educação )
Levantamento é do movimento Todos
pela
Educação com dados da Pnad
Alunos
da escola Sesc na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio
Dos 3,2 milhões de brasileiros com 19 anos, 2 milhões concluíram o ensino
médio, o que representa 63,5% do total, segundo levantamento do movimento Todos
Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2012 a
2018 (Pnad-C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do
total que não concluiu o ensino médio, 62% não estão mais na escola e, desses
jovens, 55% pararam de estudar no ensino fundamental.
Para o diretor de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Olavo
Nogueira Filho, o desafio não é só garantir a permanência dos jovens no ensino
médio, mas levar para a escola os que abandonaram as salas de aula. "Os
indicadores mostram que temos graves problemas no ensino médio e não estamos
conseguindo revertê-los. Porém, o desafio maior refere-se à educação básica.
Precisamos reverter a trajetória de insucesso na educação básica", afirmou.
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Entre 2012 e 2018, conforme o levantamento, houve um crescimento de 11,8
pontos percentuais na taxa de conclusão do ensino médio até os 19 anos. Segundo
Nogueira Filho, a avaliação dos dados por estado mostra que é possível melhorar
o atendimento aos jovens no ensino médio. Em Pernambuco, por exemplo, a taxa dos
que concluem o ensino médio até os 19 anos (67,6%) é maior do que a média
nacional. "Isso mostra que é possível fazer melhor", disse. A responsabilidade
pela educação básica é dos estados e municípios. A União participa com o
financiamento.
Ensino fundamental
No ensino fundamental, conforme o levantamento, as taxas de conclusão
mantiveram-se estáveis no período. Essa etapa teve uma queda no número absoluto
de concluintes devido à redução da população de 16 anos no país. Em 2018, foram
212.281 concluintes a menos do que em 2017, que por sua vez teve menos
concluintes que o ano anterior, com uma redução de 64.058.
Qualidade
Segundo a presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, os
números refletem "um patamar baixo de qualidade da educação básica" no país.
“Embora o país tenha o mérito de ter avançado na oferta do acesso à escola,
temos falhado em garantir qualidade do ensino para todos e com isso vamos
perdendo nossas crianças e jovens pelo caminho, configurando um grave cenário de
exclusão escolar", argumentou.
O movimento defende a adoção de uma estratégia nacional e uma atuação
integrada da União, dos estados e dos municípios, na educação básica - que
inclui educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. "Os indicadores
demonstram que os desafios para nossos jovens concluírem a educação básica na
idade certa são complexos e exigem atuação sistêmica, ou seja, com políticas
públicas em várias frentes ao mesmo tempo e de forma integrada. Temos
diagnósticos, temos evidências sobre quais os melhores caminhos, temos redes que
estão avançando. Está na hora de priorizar as medidas que realmente podem fazer
o país avançar na qualidade da educação básica", afirmou Priscila Cruz.
O levantamento evidenciou a desigualdade no ensino. Adolescentes negros e
moradores das áreas rurais têm taxas de conclusão mais baixas do que as dos
brancos e de regiões urbanas em todas as etapas da educação básica. No ensino
fundamental, a diferença entre negros e brancos é de 10,4 pontos percentuais e
entre jovens de áreas rurais e urbanas, 12 pontos percentuais. No ensino médio,
a distância se amplia para 19,8 pontos percentuais e 19 pontos percentuais,
respectivamente.
A avaliação do Todos pela Educação é que o baixo índice de conclusão da
educação básica na idade certa está relacionado à taxa de insucesso escolar, ou
seja, a combinação da reprovação com o abandono. O levantamento mostra que, a
partir do 3º ano do ensino fundamental, o final do ciclo de alfabetização, a
taxa de insucesso escolar começa a se intensificar: em 2017, 10,5% dos alunos
não passaram de ano. Já no 6º ano, esse índice salta para 15,5%. No 1º ano do
ensino médio, de cada 100 alunos, 23 são reprovados.